quinta-feira, 1 de setembro de 2011

AQUISIÇÃO DA MARCHA INDEPENDENTE EM CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL, ATRAVÉS DO USO DA ESTEIRA ERGOMÉTRICA, COM SUPORTE COPORAL (BWSTT- Body Weight Supported Treadmill Training). PARTE II

Autoras:
*Élida dos Santos, Fisioterapeuta
**Nadia Cristina Valentini,  Mestre e Doutora.Professora da Disciplina de Desenvolvimento Motor da Faculdade de Educação Física da ESEF/UFRGS.

Em continuação, a última postagem, a utilização da esteira ergométrica também tem sido vista, em pesquisas para promover o desenvolvimento motor, como uma intervenção precoce mais eficaz, em crianças ou pacientes com disfunções neurológicas ao nascimento, como a Síndrome de Down e a Paralisia Cerebral.


Um exemplo disso são os estudos realizados por Ulrich e colaboradores (2008) com o uso da esteira ergométrica nas crianças com Síndrome de Down (SD) nas últimas décadas. Em 1992, 11 bebês com SD produziram passos coordenados alternados, quando sustentados pelos braços em cima da esteira e que os passos aumentaram sobre um tempo desenvolvido. Em 2001, foi realizado outro estudo em que a esteira é utilizada como promessa de potencializar a intervenção precoce nos bebês com SD.
Ulrich e seus colaboradores (2008) verificaram os efeitos da intensidade no treinamento da marcha na esteira, a fim de determinar o início da habilidade do desenvolvimento locomotor funcional. Através de dois protocolos de alta e baixa intensidade, 36 crianças com SD com 10 meses de idade foram divididas aleatoriamente e comparadas. Os resultados demonstraram a efetividade da esteira, em comparação com a fisioterapia tradicional; ambos os grupos aumentaram a freqüência dos passos; a aquisição da marcha independente deu-se para o grupo de baixa intensidade em média de 21.3 meses e para o grupo de alta intensidade, em média de 19.2 meses. Sendo assim, os marcos motores no grupo de alta intensidade iniciou mais cedo do que no grupo de baixa intensidade. 
         Com relação a Paralisia Cerebral, a esteira ergométrica foi também utilizada como um modo interventivo. A esteira utilizada foi a Lokomat Gait Orthosis, que foi desenvolvida no Centro de Lesão Medular do Hospital da Universidade de Balgrist, Zurique, Suíça, a fim de melhorar a automação da neuro-reabilitação na esteira ergométrica.  Os resultados desse estudo mostraram, em termos motivacionais e de aprendizado motor, que houve uma significativa melhora na progressão da marcha, com relação à motivação dos cenários mostrados, principalmente com o cenário do futebol (KEONIG e col., 2008).

            Por outro lado, a utilização e a importância da esteira também têm sido relatadas na análise da marcha, sendo analisado então a freqüência e o comprimento do passo, a duração do ciclo de passo e o controle postural em crianças e adultos com desenvolvimento típico. Nestes estudos foi demonstrada uma assimetria maior na duração do ciclo da marcha nas crianças, já os adultos adaptaram-se as diferentes velocidades de maneira mais linear. Também se conclui que a coordenação entre crianças e adultos é similar, porém os adultos têm mais tempo no duplo suporte (ZIJLSTRA e colaboradores, 1995).
          Holt e colaboradores (1999) observaram a estabilidade da cabeça em crianças com Paralisia Cerebral e em crianças e adultos sem comprometimento neurológico, a fim de relacionar o movimento da cabeça com as quedas, muitas vezes relatado em crianças PCs e idosos.  Esta relação da estabilização da cabeça ou quedas está associada ao controle postural, aos déficits vestibulares entre outras coisas.
         Portanto, vários estudos em pacientes com distúrbios neurológicos têm apresentado uma promoção de um treinamento locomotor mais eficiente, adquirindo respostas significantes em quatro aspectos básicos:1º) Quanto ao tempo que é menor, assim como na sua funcionalidade e independência do paciente, estimulando assim uma maior autonomia nas atividades diárias, e inserindo-os na sociedade novamente; 2º) Quanto à fisiologia da marcha, ou seja, a estrutura e dinâmica do passo e da transferência do peso. 3º) Quanto ao equilíbrio corporal: A organização postural é acionada à medida que o pé da criança é colocado sobre a esteira com a ajuda do fisioterapeuta; 4º) Pela facilitação do trabalho do fisioterapeuta, que auxilia a criança na execução do movimento.
           Assim,  treinamento de marcha na esteira com suporte corporal também oferece vantagens no treinamento da tarefa-orientada, através de repetições de um padrão de passo supervisionado (HESSE e col., 1995), através das práticas de tarefas-específicas, adaptando-as ao meio-ambiente ou a uma combinação destes fatores. Estas tarefas devem ser uma prática reiterada de significado, através de atividades funcionais ou componentes com atividade para aprender com mais efetividade e eficiência as habilidades motoras (CROMPTON, e col. 2007). 



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